quarta-feira, 7 de julho de 2010

Demófila (o começo)

No ano de 1988, recebi um convite para criar tiras para o Jornalzinho do Jornal de Piracicaba. Eu estudava no mesmo colégio do dono do Jornal, que conheceu minhas caricaturas pelo boca-a-boca da galera.


Não havia computador, Photoshop, nada. Nem caneta nankin eu conhecia naquela época e me virava no bico de pena mesmo. E foi nessa vibe que nasceu a Demófila e sua turma, que guardo com imenso carinho.


Infelizmente, tenho pouco material impresso daquela época. Graças aos cartunistas Érico San Juan e Erasmo, ainda consegui alguma coisa do passado de Demófila no acervo do Jornal e é isso que está aqui.


Demófila era um brincadeira com meu sobrenome "Teófilo" (amigo/amante de Deus). Uma vez em sala de aula, um professor insatisfeito com meu comportamento me disse que meu sobrenome deveria ser Demófilo, pois eu era mais compatível com o capeta! Não resisti e precisei dizer ao professor que demo na verdade significava povo e não capeta...rsrsr. E daí surgiu o nome da personagem (e meu alter-ego) Demófila (e outros alter-egos também).
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Numa família de classe média e ascendência italiana, Demófila era a filha mais velha do casal Guido e Gina e irmã da pequena Felícia, a raspa de tacho sem papas na língua e freio no gênio forte. Seu avô Nono era também figura frequente nas tiras, assim como a amiga Ludmila e seu pet Licurgo, um sapo com tiradas filosóficas. Licurgo era um observador da espécie humana e da sociedade. E sofria também com o preconceito pelo fato de ser um sapo (que causa nojo na maior parte das pessoas), um bicho sem voz (que possamos entender) e marginalizado. Assim, Licurgo "falava" apenas por balões de "pensamento", expondo um interior rico e até poético escondido naquele sapo. A principal influência na escolha do bicho para Licurgo foi o Sapo Caco dos Muppets Show, que eu amava na infância.
Idealista, irônica, questionadora, boa amiga e amante de camping Demófila era um retrato da adolescente paradoxal por natureza e irônica por vocação.
Surgida quase como um desdobramento de Demófila, sua irmã Felícia logo virou uma de minhas personagens prediletas. Felícia era uma resposta e um resgate da criança que vê no crescimento a solução para seus problemas: ter dentes, cabelo, ser mais alta... Felícia era excêntrica, questionava a ditatura da beleza imposta pela mídia e era tão feinha quanto charmosa. Por vezes sua ingenuidade beirava a sabedoria.
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